Cultura Outros | Zita Ferreira Braga![]() |
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![]() “Poesia Experimental Portuguesa” da Colecção da Fundação de Serralves, comissariada por João Fernandes, director do Museu de Serralves, foi uma das exposições inauguradas no âmbito do Correntes d'Escritas e que estará patente na Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim até 16 de Abril. Trata-se de uma mostra de obras editadas entre a década de 60 e a década de 80, abrangendo assim um período compreendido entre 1964, data da edição do primeiro número dos “Cadernos de Poesia Experimental”, e 1984, data da recolha dos materiais presentes em “Poemografias”, o último livro que reune nomes históricos do experimentalismo. São apresentadas nesta exposição obras de Ana Hatherly, António Aragão, António Barros, Ernesto de Melo e Castro, Fernando Aguiar, Salette Tavares, os nomes mais representativos do Experimentalismo português ao longo deste período. A relação entre arte e linguagem foi durante o século XX um dos mais profícuos contextos para a superação dos limites a que uma história dos géneros artísticos parecia ter confinado a arte ocidental. Se, por um lado, muitos poetas decidiram explorar as possibilidades gráficas que a escrita lhes proporcionava, também é verdade que muitos artistas visuais partiram da palavra e do texto para a abolição das fronteiras que isolavam a arte da experiência da vida quotidiana e acondicionavam uma discussão e um conhecimento sem limites da natureza do processo artístico. Arte e poesia cruzam-se deste modo numa experimentação recíproca das possibilidades que a transgressão das suas gramáticas específicas lhe proporciona. Em Portugal, depois das experiências modernistas de Mário de Sá Carneiro e de Ângelo de Lima, assim como de novos conceitos de texto explorados por poetas como Mário Cesariny, Jaime Salazar Sampaio e Alexandre O’Neill, alguns poetas começam, a partir de finais da década de 50, a explorar as possibilidades visuais dos seus textos. A partir de 1964, ano em que foi editado o primeiro número dos “Cadernos de Poesia Experimental”, multiplicam-se as edições e organizam-se eventos performativos e exposições que revelam, o conhecimento das experiências da Poesia Concreta brasileira, protagonizada nomeadamente por Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Referenciada como concreta, visual e espacial noutros lugares, esta poesia vai em Portugal autonomear-se como experimental, manifestando assim uma relação com a análise científica do texto e da linguagem, assim como a manifestação do desejo de uma liberdade de experimentação que em Portugal se encontrava condicionada pelas regras de censura e da repressão política. Nos seus eventos, exposições, objectos e edições, os poetas experimentais surgem em Portugal como precursores das linguagens conceptuais e da arte processual, usando materiais pobres redefinindo o objecto de arte e insistindo na revelação do próprio fazer inerente à criação artística. Nos dias de hoje, a Poesia Experimental Portuguesa é quase uma desconhecida de grande parte do público literário e artístico, apesar de representar um daqueles raros momentos em que, no século XX, um conjunto de criadores foi em Portugal completamente contemporâneo do seu tempo, participando assiduamente em todas as exposições e publicações internacionais mais significativas neste contexto. No Museu Municipal foi inaugurada a Exposição “Rostos e Pessoas”, com obras de Hélder de Carvalho e que poderá ser visitada até ao dia 3 de Abril. Helder Carvalho trouxe à Póvoa de Varzim trabalhos de pintura e escultura de várias figuras do universo cultural e artístico. Podem ver-se personalidades como: José Saramago, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Rocha Peixoto, Miguel Torga, Vitorino Nemésio, David Mourão-Ferreira, Eduardo Lourenço, Herberto Hélder, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, Agustina Bessa-Luís, Manuel de Oliveira, Júlio Pomar, Siza Vieira e Guilhermina Suggia, entre outros. Hélder José Teixeira de Carvalho nasceu em 1954, em Carrazeda de Ansiães, Trás-os-Montes. Formou-se 1978 em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes do Porto. Iniciou a sua actividade de Escultor participando, a partir daí, em diversas exposições individuais e colectivas. Entre 1978 e 2000, paralelamente à escultura, foi professor de Artes Visuais. Em 2005, conclui o Mestrado em “Art Craft and Design”, pela Universidade do Surrey Roehempton, em Londres. Na cidade da Póvoa é o autor da escultura de Rocha Peixoto, executada no âmbito das Comemorações do Centenário da sua morte e que pode ser admirada nos jardins da Biblioteca Municipal. |
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Fontes:
Imagens: Algusto de Campos
Haroldo de Campos
Décio Pignatari
HAROLDO DE CAMPOS ( Biografia) -Brasil
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u225.jhtm | |
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